Baía de Guanabara

Baía de Guanabara
Foto tirada da pedra do Santo Inácio, em São Francisco, Niterói/RJ - Brasil

segunda-feira, 13 de novembro de 2017


Memories, Edward Lamson Henry, 1873

Saudade vem forte mas deve 
trazer a sorte da sua morte.
Pois não há saudade 
sem o seu próprio fim.

O dia em que não te vejo
aumenta ou alimenta
o meu desejo?

Que a saudade, martelo do tempo
e expansão do espaço,
tenha nossos dias contados.

E o nosso encontro seja a força 
suprema do nosso amor indelével.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Autorretrato

Autorretrato, Vincent Van Gogh, 1889

A doçura do olhar pleno de sabedoria.
A indócil paixão pelo saber são
Pesquisas certas incertezas
O fóssil de uma era vindoura.
Presente de um febril frescor.
Alarido não se alça ao alaúde

A tocante e intocável toada
em um Tempo tatuado
no quarto conclama:

Nada vai tirar tudo de mim
nem sempre o começo tem fim.

Se para tudo houvesse o sim
Certezardil o nada não seria assim.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Ocaso


Nem tudo o que sai é pra fora
se tudo o que vem apavora.
Nem tudo o que vai já ficou
se o que foi montou saudade.

Nem tudo o que cai é pra baixo
se tudo o que universa é o espaço
Nem tudo o que foi ocaso se foi
se tudo o que dispersa é acaso.

Nem tudo o que atrai me distrai
se o seu oposto foi deposto.
Nem tudo o que convém é o que vem
se em todo convés soçobrar o seu viés.


sábado, 7 de dezembro de 2013

Laço, 1956.Litografia 25,3 x 33,9 cm - © M.C. Escher Foundation - Baarn

Ida e Volta

Um dia ela se foi
E disse a ida é sem volta
Volta e meia ela aparece
Em sonhos vívidos
Vicissitudes inviáveis.

Um dia ela não se foi
E disse a volta é desdita
Dita sempre o indizível
Em desejos delirantes
Deturpação dogmática.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Película


Tanto monto na mente
quebra-cabeça da desmemória,
presença de um olhar tímido
flutua na cor de um sol úmido
navegando num barco a remo em um extenso deserto.
Exílio distante mais no tempo do que no espaço,
ingênua vertigem de pretenso ator esperto
cuja cena se repete antes do fim de um achado.
Divergência em consenso tão longe, tão perto,
viagens por vias virgens
vítimas da vaga incerteza
de um belo take errado.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ah! Normal!



Uma carta em um livro raro e antigo
revela a mágoa de um homem com o tempo.
Sentimento que jamais poderia dividir com alguém daquela época.
Quem o levaria a sério se ainda hoje ele é um incompreendido?
Quem o apoiaria se ainda hoje é considerado louco?
Sinceramente, como é triste e angustiante saber que enxergamos
tão pouco aquilo que está muito perto de nós.
Por que não ouvir o que se tem a dizer? Se o que se tem a dizer
parece sem sentido, por que a intolerância?
Naquela carta, em que descreve seu próprio fim,
anuncia a aurora de um sentimento símio.
Dotado de grande astúcia,
se questiona sobre a utilidade da carta.
Explique-me a forma de convencer o medo a virar coragem.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Gênesis


Quando a cor do prazer esmaecer
que a febre aflore no oceano da solidão.
Azul doce memória com gosto de
mesmice inovadora de outrora
engendra a gênesis do agora.